7- HISTÓRIA AINDA SEM TITULO

Ainda não eram 10:30, quando aterrei no velhinho aerodromo de voos domésticos chamado Ota. Fiquei impressionado com o estado de degradação a que tinha chegado, fez me lembrar um simulador que tive quando era miudo, em que podiamos escolher os aeroportos onde aterrar, e eu escolhia sempre os de África e América do sul, em contraste com os suptuosos e ultra-modernos de Changai, Pequim e Nova Deli. Fazia exatamente 9 anos que tinha saido da Provincia Portuguesa Europeia rumo á grande potência e a terra das oportunidades, a India. No meu passaporte electrónico constava ainda: nome: Peco Guimarães de Sousa, idade: 37 anos, Nacionalidade: Europeia, Provincia: Portuguesa, Local de residência: Setubal, emitido em: 3 de Fevereiro de 2068, válido até: 3 de Fevereiro de 2098. E foi este facto que me permitiu poupar no minimo 10 minutos para sair do aerodromo. As filas dos não Europeus eram de cerca de 2 horas, visto serem muitos a procurar trabalho por estas bandas. Ainda não sabia bem o que vinha cá fazer, mas assim que soube do acontecimento, não conti este impulso que me trouce até aqui. Talvez a procura de um familiar ou um amigo que tenha sobrevivido, ou apenas uma curiosidade morbida ou um chamamento patriótico. Dirigi-me para Santarém, pelo taxista fiquei a saber que o saldo dos mortos já rondava as 7500 pessoas, mas devido ao nível das aguas do Tejo ainda havia muito por contar. Na entrada do estádio "Cristiano Ronaldo" eram milhares de pessoas amontuadas, enrroladas em cobertores, umas com feridas exteriores e certamente todas com mazelas interiores que não se viam mas quase que se podiam cheirar no ar. No local que se autodenominava "Ponto de encontro" esperavam umas dezenas de pessoas á procura dos seus familiares, aos quais me juntei. Cada um apenas podia chamar aos altifalantes por três pessoas desaparecidas, lembrei-me do meu irmão o Lui, a Torina e o Xado um amigo de infância. - Xado, estás bem? - Há quanto tempo não te via, Peco. - Está mais alguêm contigo ? - Não. - E Lisboa, como é que ficou? - Após o terramoto, ficou pouca coisa de pê, e o Tsunami fêz o resto.

(continuação) quem quiser continuar a historia ponha no titulo 2,3,... - HISTÓRIA AINDA SEM TITULO


– então estás a dizer-me que do meu irmão não há notícias...??!!!! e o lui??? a torina????? – até agora nada!. com estas palavras o semblante de xado ficou carregado como se soubesse algo mais que não me queria dizer naquele momento. eu sentia por dentro o nó que se formava, não queria ouvir. mesmo que fosse verdade não queria ouvir. até receber algum tipo de confirmação, a ideia de voltar a encontrar todos vivos e bem, era maior do que tragédia em si. os nomes continuavam a ecoar pelo estádio em tom de esperança, o burburinho era constante e a manta de pessoas que cobria o relvado e a pista de atletismo, fazia um padrão em constante mutação. peguei no braço de xado e dirigimo-nos a uma tenda onde parecia ser possível tomar uma bebida quente. quando chegámos mais perto da enorme fila de mantas ambulantes que esperavam a sua vez, uma cabeleira loira lá ao longe desperta a minha atenção. era a elsa, a elsa raposo, mesmo ao longe aqueles lábios não enganavam. – elsaaa!!! gritei com tanto entusiasmo que várias pessoas olharam com ar reprovador, talvez porque o ambiente era pesado demais para aquela alegria que me invadiu. – pecooo!!! tás cá pá. onde tá o lui??... peco oh pá, que sorte tar viva pá, que sorte...!!! as palavras eram cortadas por soluços de choro. tentei dar-lhe um abraço mas os implantes de silicone eram tão grandes que dificultaram o gesto. a mão direita e o braço estavam com ligaduras. sentei-me ao seu lado e pus o braço por cima do seu ombro tentando acalmá-la. podia ver xado na fila que entretanto também tinha encontrado alguém que abraçava. por entre alguns soluços elsa prossegue: – naquele dia eu e o fonseca... – fonseca???? então e o songalo??? – oh pá, não me digas nada pá, esse gajo é um bruto!!! – o quê? não me digas que essa mão ...???? – não, não!! não foi ele pá! isto foi uma operação recente para tirar o nome dele que eu tinha tatuado, lembras-te??- disse ela por entre aqueles grossos lábios que eu nunca percebia se tinham expressão de riso, de choro ou outra coisa qualquer. – então? tu e o songalo... tanta coisa... ele era tatuagens, ele era casamento... então??? _ oh pá, pois é pá... foi uma fase má, tipo eu não sei onde é que estava ca cabeça. áliás, eu continuo sem saber onde é que tou ca cabeça, ou o qué que tenho dentro dela. o assunto era sério. dava para perceber, não pela expressão mas, sim pelo tom de voz que se tornou grave e baixo. celsa continuou: – mas naquele dia, eu e o fonseca saímos de manhã cedo para uma viagem a fátima. ia uma vez mais com a pessoa que amo, abençoar a nossa relação... oh pá, sabes como eu sou. até já sou conhecida lá no santuário pá, já todos os padres me cumprimentam e são supé'simpáticos comigo... giríssimo não é? isto deve ser do jeito que eu tenho para relações púbicas, adiante... mas o que é que eu tava a dizer mesmo...???? celsa parecia baralhada. aproveitei o deslize e deslizei para perto de xado que entretanto estava sózinho. celsa continuou no chão sentada a olhar o céu e a largar palavras para o ar que se perdiam no barulho dos nomes que saíam do megafone. *nota do autor (qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência)


Assim que pude sai daquele pesadelo, não sem antes dar o código ao Xado do meu Pctvmov, para que pudesse entrar em ligação comigo quando precisá-se, no rent a car perto do estádio, aluguei um veiculo hibrido, fusão a frio/ hidrogénio, já não havia movidos a ar comprimido, mas não era mau de todo. Quando o petroleo se extinguio, saltaram para o mercado mil e uma formas de energias alternativas, consta-se que já existiam muito antes de este acabar mas devido a razões economicistas foi o que se viu. Passaram por mim Helibulâncias sem fim, na megastrada a caminho de Lisboa os helibeiros eram tantos que reservaram oito das doze faixas de rodagem só para eles. O rio chegava a Alverca, a avenida da Crel, que antes dividia Lisboa entre zona histórica e as avenidas novas que iam de Mafra passando por Torres Vedras até Torres Novas, era agora a marginal. Ainda tenho presente a altura em que o rio chegava apenas ao alto do Parque Eduardo VII (agora batizado com o nome de Jeronimo de Sousa) e o castelo de São Jorge assemelhava-se ao de Almorol. Havia visitas Guiadas de submarino para conhecer a Baixa, Alcântara e toda a zona inundada em 2038. A peninsula, perdão a ilha Ibérica tinha sido tambem afectado por esta altura com os glaciares de tamanho continental que flutuavam pelos oceanos tal e qual uma jangada de pedra. E foi ali naquele posto de controlo que a vi pela primeira vez, .... (continua)


..., a sua pele era morena, os olhos ligeiramente rasgados e o nariz um pouco arrebitado. Ocupava-se a vêr os passaportes digitais, e deixava ou não, as pessoas entrarem no perimetro da zona denominada "+30". Quando era miudo enchia os bolsos de amendoins, corria para o parque e alimentava as primeiras rolas que via, instantes depois mal conseguia vêr o chão tal era a quantidade que caia sobre mim, aqui sinto o mesmo, entre esta multidão desesperada, que não procurava alimento para o corpo mas sim para a razão. Alguns desejavam vêr os seus pertences, outros os seus parentes, mas a maioria nem sabia para onde ir. O dialecto Português praticamente já não se ouvia, esta provincia foi a primeira a absorver o Uês (uma mistura de Inglês, Espanhol e Alemão do principio do sec.)a lingua oficial da UEP (União Europeia das Provincias) acrescendo o facto que esta provincia da UEP foi das mais afectadas com aquilo que ficou conhecido pela "Invasão dos esfomeados". No inicio do sec. XXI a chegada de imigrantes Africanos á antiga UE, começou por ser feita atravês de pequenissimas embarcações que traziam entre 50 a 100 pessoas, e os poucos que sobreviviam á viagem eram facilmente apanhados pela Guarda. Uns eram repatriados (os idosos e doentes) outros eram explorados pelos empresários. A UE na altura tinha uma população envelhecida e os sistemas de segurança social falidos mas mesmo assim a entrada a imigrantes sempre fora muito condicionada. Por volta de 2020 estes barquinhos foram substituidos por petroleiros, paquetes, cruzeiros e aviões com milhões e milhões de pessoas esfomeadas provenientes de paises como a Libia, Egipto, Iraque (o que restou dele) e praticamente todo o continente africano. Eles só fugiam da miséria e da fome dos seus paises, claro que houve alguma violência mas tendo em conta os numeros envolvidos (falou-se em cerca de 20 milhões)foi tudo muito pacifico, espalhados por toda a UEP vieram dar um forte crescimento a esta economia que já se encontrava bastante atrás da Chineza e da Indiana. Zoe, dizia o seu cartão de indentificação ....


(continuação) quem quiser continuar a história ponha no titulo 5,6,... - HISTÓRIA AINDA SEM TITULO


Apresentei-lhe o meu passaporte, após umas algumas perguntas de rotina e já com alguma empatia no ar, perguntei-lhe se queria ir tomar uma HJK fresca num bar improvisado ali próximo. - ahh, estava mesmo a precisar, de uma bebida - como vieste aqui parar? - os meus avós saíram dos EUA ainda a meio da guerra civil. - estavam de que lado? - de nenhum por isso sairam. - como foi que tudo aconteceu? - os EUA eram uma grande potência no inicio do SEC. XXI mas em meados dos anos 30 num estado chamado Califórnia um islâmico chegou a governador. E governou tão bem que a população o elegeu por mais dois mandatos. A população daquele estado nunca tinha vivido tão prosperamente, entretanto no estado da Pensilvania aconteceu o mesmo e depois no Luisiana, tinham um nível de vida tão elevado que poucos anos mais tarde quiseram-se tornar autónomos dos restantes estados. Estou a maçar-te ? - não, não, continua não fazia a mínima ideia. - Com a velha desculpa do Islão e dos terroristas, dai para a guerra civil foi um pequeno passo. A derrocada final foi com a entrada da bomba atómica, mataram-se uns aos outros. Mais de metade dos ex. EUA está inabitável e o que restou foram meia dúzia de estados moribundos, e dos mais pobres do globo. ... (continua tu)

Comentários

Sorrisos em Alta disse…
Dá-lhe tu, que estás a ir bem!

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