sapatos lisos

...em tempos naveguei em fragata que agora abatida,
conheci o que não pensava existir,

folguei em portos sujos onde me apaixonara facilmente desde um sorriso a um orgasmo de fugida,
os meus filhos são as emoções que vincaram as rugas,
os motores eram os meus confidentes de passo largo e firme,
lubrificava e soldava os buracos do cansaço dessas milhas,
depois disso desse grande mar que afasta as margens,

engraxo sapatos,

após o abate fui com a embarcação para terra,
procurei uma janela para o rio e um espaço no mar de gente,
passei a ser o confidente de passagem como nos portos de abrigo,
pedem-me para engraxar os sapatos como senha de alivio,
vejo a gente perdida no oceano a olhar para as estrelas,
não lhes digo bombordo nem estibordo apenas as margens que conheci,
dizem-me que tenho as mãos sujas numa barca limpa,
gostam do brilho e dos nós que desfaço nos sapatos...

Comentários

Duarte Évora disse…
não, não é o Leonardo Da Vinci ....
é o Leão

sempre a considerar
analuE disse…
Lindo, muito bonito poeta Leão.
fi disse…
Muito Bom
Tens que te dedicar mais à escrita!

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